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IDADE DOS METAIS E EGITO

 

CAP. 5 – TERRA DOS FARAÓS


IDADE DOS METAIS

Por volta de 6000 a.C., iniciou-se o emprego de metais na confecção de armas e outros instrumentos. Esse período, que teve seu auge em torno de 2000 a.C., coincidiu com o desenvolvimento da civilização.

A Idade dos Metais ocorreu ao mesmo tempo que a revolução urbana, com a transformação das aldeias agrícolas autossuficientes em aglomerados urbanos. Os instrumentos de pedra foram gradualmente substituídos pelo de metal, primeiro o cobre, depois o bronze e, mais tarde, de ferro. A descoberta do uso dos metais transformou o homem em artesão, além de coletor, agricultor e pastor. Essa nova atividade ocasionou uma nova divisão de trabalho entre os membros das aldeias, a organização social tornou-se mais complexa.

O uso de armas de metal favoreceu a prática da guerra possibilitando a dominação de um povo sobre outro, com a conquista de cidades e territórios e a escravização dos vencidos. Foi nesse contexto que se desenvolveram as grandes civilizações da Antiguidade Oriental.


EGITO: DÁDIVA DO NILO

As vilas e aldeias foram agrupadas em cidades, que, depois, deram origem ao Estado. Localizadas em regiões da África e da Ásia, banhadas por grandes rios, receberam a denominação de Crescente Fértil.

Situada no nordeste da África, no vale do rio Nilo, numa região integrada ao Crescente Fértil, a civilização egípcia desenvolveu uma cultura rica e profunda. Com uma economia baseada no trabalho servil e na agricultura irrigada, o Egito tornou-se, no dizer do historiador grego Heródoto, “uma dádiva (presente) do Nilo”.

E era um presente valioso. O rio nasce no coração da África e deságua no Mediterrâneo formando um grande delta. Corta todo o território egípcio no sentido sul-norte. Durante as cheias, entre junho e outubro, as margens desérticas do Nilo são alagadas, recebendo detritos (húmus) que fertilizam as terras. Após esse período, os camponeses iniciam as sementeiras. O povo egípcio logo aprendeu a se utilizar melhor das cheias periódicas e, por meio de grandes obras hidráulicas, realizou a drenagem dos pântanos e distribuiu a água através de diques e canais. Além de garantir a sobrevivência de pessoas, animais e plantas, as águas do Nilo serviam para a navegação entre as regiões. Por isso, os egípcios reverenciavam o rio como uma divindade, embora por vezes, suas cheias, destruíssem moradias e afogassem homens e animais.


1. Os Impérios do Nilo

De início, o Egito estava dividido em pequenas aldeias independentes conhecidas como nomos, lideradas pelos nomarcas. A prática da agricultura propiciou o desenvolvimento da região com a formação das primeiras cidades. A união das populações do vale do Nilo originou a formação de dois reinos, o Alto Egito ou Terra do Sul e o Baixo Egito ou Terra do Norte.

Por volta de 3200 a.C., ocorreu a unificação do Egito, que passou a estar submetido à autoridade de um único soberano, o Faraó, termo que significa “Casa Grande”. Ninguém era mais importante que o faraó, cuja imagem estava associada aos deuses. Concebido como Hórus, filho de , o deus Sol, o faraó detinha em suas mãos a administração e os tribunais de justiça. Era também o sacerdote chefe dos templos, liderava o exército, intervinha no comércio, nas minas e nos celeiros.

A história do Egito unificado é normalmente dividida em Antigo, Médio e Novo Império.

O Antigo Império, com capital em Mênfis, iniciou-se com Menés e estendeu-se até 2052 a.C. Esse período caracterizou-se pela completa centralização do poder político, por grandes obras de irrigação e da agricultura, além da construção das grandes pirâmides de Quéops, Quéfrem e Miquerinos, no planalto de Gizé. O Estado era pacifista e praticamente isolado de outros povos. Sua decadência pode ser atribuída às lutas pelo poder entre os grandes proprietários de terras e líderes dos nomos e o faraó.

O Médio Império iniciou-se em 2052 a.C., conseguiu restabelecer o poder faraônico e a unidade do Estado. A cidade de Tebas tornou-se a capital dos dois reinos. Foi um período próspero de expansão territorial e pelo início das relações comerciais entre os egípcios e outros povos do Oriente, como os fenícios, os sírios e os cretenses.

Na arquitetura, temos a construção de templos religiosos e especialmente das tumbas. Para os egípcios, a morte era uma esplendorosa ascensão rumo à total divindade. Alguns aspectos eram criteriosamente observados, como a mumificação do corpo para preservá-lo. O desenvolvimento dessa prática permitiu um considerável conhecimento a respeito da anatomia humana, o que se refletiu em avanços na medicina.

A trajetória do Médio Império sofreu uma interrupção por volta de 1570 a.C., quando o Egito foi conquistado pelos hicsos, povo nômade da Ásia, que permaneceram por 170 anos no território.

O Novo Império resultou de um processo de união dos egípcios contra os hicsos. Sob a liderança do faraó Amósi I, conseguiram expulsar os invasores. Outros povos que haviam se estabelecido no Egito, como os hebreus, foram transformados em escravos. O pacifismo foi substituído por uma política militarista e expansionista que resultaram na anexação da Núbia, Palestina, Etiópia, Síria e Fenícia.

A partir de 1167 a.C., iniciou-se um período de decadência. O Egito foi dominado pelos persas e em seguida por Alexandre da Macedônia, passando a integrar o mundo helenístico. Afinal, em 30 a.C., foi conquistado pelos romanos, perdendo sua autonomia.


2. Vida Econômica, Social e Cultural

Na sociedade egípcia, predominou o trabalho servil. O Estado, na figura do faraó, era dono das terras. Para explorá-las, a população pagava impostos ao monarca e aos templos.

O excedente da produção era armazenado nos templos, e os sacerdotes eram responsáveis por sua guarda e distribuição. Para exercer esse controle, o faraó tinha um aparato burocrático fiscalizador.

- Sociedade:

A sociedade egípcia foi estruturada num sistema de castas sociais hierarquizadas: castas superiores, formadas pela família do faraó, pelos sacerdotes e pela aristocracia; castas médias, formadas pelos funcionários públicos, pelos escribas, comerciantes, artesãos e soldados; e castas inferiores, representadas pela grande massa camponesa.

Embora, esporadicamente, as mulheres pudessem tornar-se governantes do Estado, não tinham os mesmos direitos que os homens. Aliás, entre os egípcios, não existia a ideia de igualdas, ainda que o respeito tosse a tônica social do país e devesse ser dados a todos. As mulheres tinham seus direitos reconhecidos e quando se sentiam lesadas, tinham acesso aos tribunais, mas não podiam exercer as funções de escribas, profissão reservada só para homens. Eles tinham muitos privilégios, pois somente eles sabiam ler e escrever.

Acredita-se que os primeiros livros foram escritos no Egito por volta de 4000 a.C. Entre os mais conhecidos está o Livro dos Mortos, com instruções detalhadas de como a alma do morto deve proceder para agradar os deuses e escapar dos perigos em sua jornada para a vida eterna.

Os escribas escreviam em folhas produzidos com tiras de planta (cana) chamadas de papiro. Esse tipo de escrita recebeu o nome de hieroglífica, encontrada em paredes e colunas dos templos e tumbas. A escrita hierática ou sacerdotal, era utilizada pelos sacerdotes, encontrada em anotações religiosas, na madeira ou papiros, e a escrita demótica, foi a forma de representação popular, usada nos escritos profanos da comunidade.

A escrita egípcia antiga foi decifrada pelo francês Jean-François Champollion em 1822, a partir das inscrições gradas na chamada pedra de Rosetta.

- Dos Muitos Deuses ao Deus Único

A vida social e cultural do Egito foi profundamente marcada pela religiosidade. A religião, politeísta (com muitas divindades) e antropo zoomórfica (dava formas humanas aos animais), fazia parte de cerimônias de nascimentos, casamentos, festas das comunidades, mortes e outras eram sempre acompanhadas por ritos religiosos.

Durante o Novo Império, o faraó Amenófis IV tentou reformar a religião para diminuir a autoridade crescente dos sacerdotes. Para isso, ele implantou o monoteísmo (crença num deus único) com o culto ao deus Aton e passou a intitular-se Akenaton ou sacerdote do deus Aton e fundou uma nova capital, Akhenaton, próximo de Tebas. A nova religião durou pouco, os velhos deuses logo retornaram. Mas os hinos de louvor a Aton, atravessaram os séculos, reconhecidos como obras-primas da literatura egípcia.


BIBLIOGRAFIA:

- HISTÓRIA: das cavernas ao Terceiro Milênio

Autores: Myriam Becho Mota e Patrícia Ramos Braick

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