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GÊNIOS BRASILEIROS - CÉSAR LATTES


 Para iniciar e ilustrar esta página lancei mão de um artigo publicado no site "Brasiliana.Org",

de autoria de Graça Ribeiro. O artigo fala sobre os grandes gênios brasileiros, que são pouco 

reconhecidos aqui, pois aqui costuma-se dar mais valor para o que vem de fora em 

detrimento do "nacional". Aos poucos, esta ótica está mudando, e para contribuir com esta 

mudança, publicarei com frequência artigos sobre a vida e obra de diversos gênios 

brasileiros, em distintas áreas de atuação.

O endereço do link, para quem quiser saber mais sobre o site e o blog de onde extrai este 

artigo, está a seguir e o artigo foi publicado na íntegra.





NÃO PRECISAMOS IMPORTAR GENIALIDADE, É PRODUTO FARTO AQUI

Autor: 
 
            Quando ministrava aulas para o Ensino Fundamental e Médio, ficava surpresa em perceber que a maioria dos alunos supervalorizava tudo que era importado, roupas, tênis, música, tecnologia... E por incrível que pareça, essa atitude se estendia em relação ao intelecto. Para eles, os homens estrangeiros também eram mais inteligentes que os daqui. Mas, não se referia a qualquer nacionalidade. Não, era direcionado. Os latinos, por exemplo, não eram levados em conta. Não sei se por determinismo geográfico ou genético, consideravam os alemães, japoneses e estadunidenses mais inteligentes que os brasileiros.
            Eu, nacionalista ferrenha, adepta de “o melhor lugar do mundo é aqui e agora”, não me conformava com essa visão e tentava durante a aula falar dos vários gênios que temos aqui e de suas criações nos diversos campos do conhecimento como a música, o teatro, as ciências, enfim, da nossa história e cultura. Entretanto, não se tratava de algo planejado, elaborado. Era uma conversa com os alunos.
            Em 2007, resolvi que durante a feira de Ciências, cada grupo, de cada sala em que eu dava aula apresentaria a vida e a obra de um gênio brasileiro. Infelizmente, por problemas de saúde (vocais), não pude continuar ministrando aula e meu projeto não foi para frente.
            No entanto, até hoje, quando converso com adolescentes, e minha casa vive cheia de adolescentes, quando surge a questão, eu saio em defesa de nossos “intelectuais”.
            Porém, tenho que fazer uma ressalva: estou falando de adolescentes, mas existe uma gama imensa de adultos que pensam da mesma forma.
            É nesse contexto que resolvi apresentar aqui, a cada semana, um pouquinho da vida e obra de algumas dessas pessoas geniais que fazem parte da nossa história e deixar claro que criatividade não tem nacionalidade e que conhecimento não se faz por si, se constrói a partir de informações vindas de diversos lugares e tempos.
            Então, mãos à obra. Hoje, gostaria de apresentar para vocês um pouquinho da vida e obra de um grande cientista chamado César Lattes. Não o escolhi por ser melhor que os demais. Mas, porque quase a totalidade das pessoas, especialmente os adolescentes, considera Einstein o maior gênio que o mundo já teve. E, quando se fala em alemães dois nomes surgem imediatamente: Einstein e Hitler (que não era alemão). Por isso, escolhi o nome de César Lattes, por estar no mesmo campo de conhecimento. Vou apenas colocar os leitores a par de algumas de suas descobertas, se houver interesse, deixou ao final sites confiáveis que possuem quase tudo que se possa saber sobre ele.
            Seu nome era Cesare Mansueto Giulio Lattes, nasceu em 11 de julho de 1924, em Curitiba/PR e faleceu em 8 de março de 2005 em Campinas/SP. Casou-se com D. Martha Siqueira Neto com quem teve quatro filhas. Fez o estudo primário e secundário (Ensino Médio) no Brasil. Ingressou no Departamento de Física da Faculdade de Filosofia e Ciências e Letras da USP. Sua tese sobre a “Abundância de núcleos no universo”, sob orientação de Gleb Wataghin inaugurou sua carreira científica. Foi Professor Titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, o qual criou, e da Universidade Estadual de Campinas. Foi o criador do Departamento de Raios Cósmicos e Cronologia do Instituto de Física da Unicamp.
            Ele é considerado uma dos maiores cientistas brasileiros devido às suas descobertas em relação ao méson pi, que é uma partícula subatômica sem a qual a matéria não poderia existir. Embora, não tenha recebido o prêmio pela descoberta, ele estava por trás da pesquisa. Da mesma forma, quando descobriu uma forma de reproduzir o méson pi artificialmente, quem levou o prêmio foi o americano Cecil Powell que, embora não tenha participado diretamente da pesquisa, era chefe de Lattes e levou o mérito. Mas, como que por providência divina, segundo Daniel Azevedo em um artigo para a revista “Superinteressante”, por ocasião da morte de César Lattes declara o seguinte:

Desde a morte da esposa, há dois anos, Lattes saía pouco de sua casa em Campinas, interior de São Paulo. Foi lá que recebeu o repórter Daniel Azevedo, colaborador de um jornal científico de São Carlos, para aquela que seria sua última entrevista, no final de fevereiro. O físico morreu de parada cardíaca no dia 8 de março, aos 80 anos.
Sem exagero, os obituários o descreveram como o mais importante físico brasileiro de todos os tempos. Além da descoberta e criação artificial do méson pi, ele ajudou a criar o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O merecido Nobel acabou vindo postumamente, na forma de um erro de imprensa: ao anunciar a morte de Lattes, a agência de notícias Associated Press (AP) o descreveu como “físico ganhador de um Prêmio Nobel”.(AZEVEDO, 2005)

            César Lattes foi um homem otimista, espirituoso e crítico. Criticou entre outras coisas a teoria do big-bang e, imaginem, Einstein. Para ele, os mais importantes físicos modernos foram Niels Boher e Ernst Rutherford. Segundo documento pesquisado por Cássio Leite Vieira e Antônio Augusto Passos Videira, Lattes, aos 72 anos, declarava gostar de música (folclórica, clássica), de Gilberto Gil, Roberto Carlos e Vivaldi. Gostava de livros de História, de geografia, e de romances.
            Há muito mais para se conhecer sobre a vida de Lattes que está disponível nos sites abaixo. Por agora, quis somente instigar a curiosidade de vocês. Vou finalizar este artigo com as palavras deste grande homem, retirada do artigo pesquisado por Cássio Leite e Antônio Augusto, já citado:

Que conselhos o senhor daria para um jovem físico começando a carreira?
Cuidado com o que está na moda. Ele deve lembrar que a parte empírica e o que fica na ciência. E gostaria de dar um conselho que não é meu, mas de Wataghin: qualquer dúvida vá a biblioteca e consulte os artigos originais. Se não for suficiente, procure os colegas mais experientes. Se nada disso resolver, meta as caras.

O senhor tem alguma filosofia pessoal que o teria orientado ao longo da existência?
Sou um otimista. E aprecio a natureza. Gosto de uma frase que diz: "ciência sem consciência é a ruína da alma". Tem um outra, que é de Salomão: "não busque ser sábio demais nem justo demais. Você quer se arruinar?"

Mais alguma frase que o senhor gostaria de citar?
Outra do Salomão: "A sabedoria não entra de modo algum na alma malvada". E aí está a diferença entre sabedoria e ciência. A sabedoria não entra, mas a ciência, sim.


Referências Bibliográficas:

Comentários

  1. Excelente! Muito bem explanado.
    Brasileiro tem mania de admirar tudo que vem de fora e não dá valor não só ao nosso RICO país, como também as mentes brilhantes que aqui se encontram. Infelizmente o que importa é o AMERICAN WAY OF LIFE.
    O problema do Brasil não é a terra e sim o
    povo.

    Marcos Felipe

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