Muitos jovens me perguntam a razão de tanta briga entre palestinos, israelenses, islâmicos, judeus e cristãos. Então, respondo que é uma situação milenar, difícil de entendermos, pois nossa realidade é outra. Devido ao insistente questionamento sobre o assunto farei uma breve explanação.
Na antiguidade as primeiras formas de civilização surgiram onde hoje se encontra o Oriente Médio. Ponto de encontro entre três continentes, África, Ásia e Europa, era passagem obrigatória e terra de grande fartura em um universo pouco favorável. Às margens dos rios Nilo, e do Tigre e Eufrates, desenvolveram-se consecutivamente as Civilizações Egípcia e a Mesopotâmica, também chamadas de Civilizações Hidráulicas.
A Mesopotâmia foi ocupada por diferentes povos em momentos distintos. Portanto, ali nasceram as mais diversas religiões politeístas, bem como monoteístas, por exemplo o judaísmo e o cristianismo.
A primeira religião monoteísta a se firmar foi o judaísmo criado pelos hebreus, povo de origem semita assim como os árabes. Os hebreus organizavam-se em tribos e viviam na Mesopotâmia, no Vale do Ur, chefiadas por patriarcas, entre eles Abraão, o primeiro a cultuar um único deus. De acordo com Abraão, Deus o escolheu para conduzir o povo hebreu a uma terra onde abundava “leite e mel”, a “Terra Prometida”, Canaã, atual Palestina, onde se estabeleceram. Abraão teve um filho chamado Isaac, que por sua vez teve dois filhos, Esaú e Jacó. Posteriormente Jacó passou a ser chamado de Israel. Ele teve doze filhos, dando origem às doze tribos de Israel, por isso serem chamados “israelitas”.
Devido a um longo período de estiagem, falta de alimentos, os hebreus buscaram abrigo no Egito, que então estava sob o domínio dos hicsos. Ao retomarem o poder, os egípcios escravizaram os hebreus, que só conseguiriam a libertação com o surgimento de um novo líder, Moisés, através do qual seriam reconduzidos de volta à Canaã ou Terra de Israel.
Mais tarde, há um conflito entre as tribos e elas se dividem em dois reinos: Judá e Israel. Isso os enfraqueceu, sendo alvo de vários ataques, até serem conquistados pelo Império Romano, que lá se estabeleceu. Devido à frequentes revoltas os judeus são expulsos e espalham-se pelo mundo. Este fenômeno recebeu o nome de “diáspora”, tornando-se um povo sem território disperso pelo mundo por quase dois mil anos. Nesse espaço de tempo, Canaã foi ocupada por povos árabes denominados palestinos, que ali se estabeleceram.
No século XX, Theodor Herzl lidera um movimento chamado sionismo, que defendia a volta dos judeus à Palestina. A volta dos primeiros judeus causou grande alvoroço entre os povos árabes, especialmente aos palestinos.
Durante a II Guerra Mundial os judeus foram perseguidos, torturados e mortos pelos nazistas. Assim, quando a guerra terminou, com apoio dos Estados Unidos e Inglaterra que tinham interesses econômicos e políticos naquela área, a ONU resolve fazer a partilha da Palestina criando, em 1948, o Estado de Israel. 57% do território palestino ficaram com Israel e 43% do território ficou para os palestinos. Entretanto, Israel não se contenta com isso e tem início uma série de conflitos com vários países ampliando cada vez mais seu território e forçando os palestinos a buscarem refúgio nos países vizinhos. Sem pátria, reclamam um Estado Palestino.
Além da questão territorial, há a questão religiosa. Os palestinos querem Jerusalém Oriental como capital do Estado Palestino, lá se encontra a “Cidade Velha” onde estão locais sagrados para o judaísmo (Muro das Lamentações), o islamismo (Mesquita da Rocha) e o cristianismo (Igreja do Santo Sepulcro).
Portanto, a questão está longe de ser resolvida. Há interesses religiosos, econômicos e políticos, que exige que cada um dos envolvidos façam concessões que, na realidade, não estão dispostos a fazer.
Sugestões de leitura: O Oriente Médio de Isaac Akcelrud.
O Século XX: o tempo das dúvidas de Daniel A. Reis Filho.
Oriente Médio e a Questão Palestina de Beatriz Canepa e Nelson B. Olic
As Antigas Civilizações do Oriente Médio de Antonio Mesquita Galvão
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